Olá amigos,
Segue abaixo o texto de nosso teatro:
CENA 1
NARRADOR: Nesta peça,
mostraremos como a vida das mulheres mudou. Como tiveram que lutar pra chegarem
onde estão.
A primeira cena se passa em meados do XIX, onde as mulheres tinham uma
vida reclusa, com diversas regras e modelos a serem seguidos. Eram vistas como incapazes, consideradas
menos que os homens.
PRIMEIRO ATO
FILHA (Isabel)– Olá pai,
como foi seu dia?
PAI - Foi bem difícil, com
a construção da ferrovia estamos trabalhando demais. Estou exausto.
FILHA (Isabel) - Pai faz
tempo que quero te pedir uma coisa, eu gostaria de ir à escola junto com meu
irmão. Quero muito aprender as mesmas coisas que ele. (Com tom de entusiasmo)
PAI - Ah, mas vá tratando
de tirar essa ideia da cabeça! Onde já se viu uma menina na escola! Você ficou
louca Isabel (FILHA)? (Com tom de frieza e arrogância)
FILHA (Isabel) - Mas pai, eu quero ser uma advogada!
(Com tom de medo, choro).
PAI - Hahahaha! Isso é
impossível, onde já se viu uma advogada mulher, que piada! Ouvi alguns boatos
que poderão abrir um curso de Artes para vocês, mas deve ser história pra boi
dormir. (Com tom de deboche)
FILHA (Isabel) - Como você
é preconceituoso. Eu sempre faço as tarefas bem mais rápidas e melhor que meu
irmão! (Com tom de autoridade, porém com leveza)
PAI - Filha! Já está
decidido. E esta tarde vou encontrar-me com o Coronel Tibério, pois ‘’tá’ quase
tudo acertado para seu casamento com o filho dele. Será uma beleza para nossos
negócios, o tal Coronel tem muita terra. (Com tom de arrogância)
FILHA (Isabel) - Não quero me casar com ele, não é
justo me obrigar. Quero escolher meu marido. ( Tom de Indignação )
PAI - Isabel está decidido,
você vai se casar e ponto final. Quem decide isso sou eu. E esqueça essa
história de estudar. (com tom autoritário)
FILHA (Isabel) - O que farei de minha vida então? (Com tom de indignação)
PAI - Isabel, vocês
mulheres já tem suas obrigações: têm de cuidar da casa, passar, cozinhar, nada
mais que isso. FIM DE PAPO! (Com tom autoritário)
CENA 2
NARRADOR: Nossa segunda
cena se passa já no inicio do século XX, época onde a maioria de nossas avós
sofria com os abusos e o machismo da sociedade em geral. Tivemos poucas
mudanças no que diz respeito à evolução social do que vimos em nossa primeira
cena. Os casamentos arranjados ainda eram bem comuns e a vida da mulher
extremamente reclusa, porém é neste inicio de século que mudanças começam a
ocorrer.
SEGUNDO ATO:
ESPOSA (Maria) - Olá
Felício, tudo bem? (Com tom de contentamento)
MARIDO (Felício) - Tudo,
mas estamos em um aperto esse mês. Esse governo só aumenta nossos impostos.
Enquanto isso sempre que precisamos desse hospital em nosso bairro somos mal
atendidos: falta médico, falta material, a ambulância vive quebrada. (Com tom
de indignação)
ESPOSA (Maria) - Verdade. Outro
dia fui procurar uma creche para nosso filho e não encontrei nenhuma com boa
estrutura e bom atendimento. (tom de descontentamento)
MARIDO (Felício) - Maria, que
história é essa de pôr o nosso filho em uma creche? Enlouqueceu? É sua
obrigação cuidar dele. Sua função é cuidar da casa e dele enquanto saio pra
trabalhar. (tom autoritário)
ESPOSA (Maria) - Eu estava pensando que se encontrasse uma
boa creche eu poderia arrumar um emprego, pra te ajudar aqui em casa. ( Tom
submisso)
MARIDO (Felício) - Ficou
louca de vez Maria? Mulher minha não trabalha fora. Quem mantém a casa sou eu,
você tem seus deveres para com a casa. Deve manter tudo certo para quando eu
chegar. Sua obrigação é deixar minha comida pronta, roupa lavada e dar educação
ao nosso filho. (Tom autoritário)
ESPOSA (Maria) - Então só
sirvo para o serviço doméstico, acha que porque sou mulher não tenho outra
serventia? Sou obrigada a fazer todo o serviço de casa e você não precisa
colaborar em nada? ( Tom de indignação, tristeza)
MARIDO (Felício) - Vê se
pode. Eu já saio todo dia cedo pra sustentar nossa casa, agora tenho que fazer
serviço de mulher também. (tom de deboche)
ESPOSA (Maria) – Felício se eu trabalhasse fora, te ajudaria
nas contas enquanto me ajudaria em casa.
MARIDO (Felício) - Pra
começar eu não vou fazer serviço de mulher e pra terminar não quero minha
mulher trabalhando fora. Todos vão olhar e comentar pelas minhas costas. QUEM
MANDA NESSA CASA SOU EU! (Tom autoritário)
CENA 3
NARRADOR: Como podemos
observar nas duas primeiras cenas a mulher era extremamente submissa ao homem,
quase um objeto para nas mãos de seus pais e maridos. Praticamente não possuíam
vontade própria. Porém elas não aceitaram essa situação de forma pacifica. Muitas mulheres organizaram grandes manifestações
para alcançarem seus direitos, sendo que, em meados do séc. XX, uma parcela
significativa já trabalha. Nesse cenário várias mulheres se destacaram no
movimento sindicalista e também recente Partido Socialista Brasileiro. A partir
de 1916 as mulheres já não precisavam pedir permissão para seus maridos para
que pudessem trabalhar fora e em 1932 as mulheres conquistaram seu direito de
voto que foi instituído pelo ex- presidente Getúlio Vargas.
TERCEIRO ATO
MARIDO (Luiz) - Olá
Fernanda, como foi o trabalho hoje? (Tom de contentamento)
ESPOSA (Fernanda) - Foi bem cansativo, as nossas condições de
trabalho estão cada vez piores. Estamos planejando iniciar uma greve. (Tom de
preocupação)
MARIDO (Luiz) - É uma ótima
ideia, talvez assim esse pessoal entenda o quanto sofremos pra fazer com que
suas fortunas aumentarem cada vez mais.
ESPOSA (Fernanda) - Tomara
que dê tudo certo Luiz, por falar nisso você esta sabendo de alguma novidade
sobre as eleições este ano?
MARIDO (Luiz) - Pra ser
sincero nem pensei nisso ainda Maria. ( Tom de descaso)
ESPOSA (Fernanda) - Puxa!
Como você é desinteressado! Eu aqui toda preocupada com o governante que será
eleito! (Tom de indignação)
MARIDO (Luiz) - Querida, no
fim das contas as coisas nunca mudam... Tudo sempre continua igual. Entra um
novo presidente sai o antigo e as coisas continuam a mesma, hoje mesmo nosso
filho voltou mais cedo da escola, pois não havia professor substituto. (Tom de
descaso)
ESPOSA (Fernanda) - As
coisas não mudam por causa de pessoas como você! Entenda querido, podemos sim
escolher um péssimo governante, porém não podemos aceitar isso de braços
cruzados... Não podemos dizer coisas como: todos são assim, isso nunca vai
mudar. (Com tom paciente, explicativo).
MARIDO (Luiz) - É você tem
razão.
ESPOSA (Fernanda) - Veja
bem, há pouco tempo atrás eu nem podia votar, como se minha opinião não fosse
importante para as decisões importantes, ou seja, eu nem mesmo era uma cidadã.
Agora que conseguimos mais esse direito não podemos deixá-lo de lado.
CENA 4
NARRADOR: A luta para das
mulheres foi dura e longa. Um número considerável de mulheres perderam suas
vidas em manifestações. A partir de 1988 homens e mulheres foram considerados
iguais perante as leis brasileiras. As leis mudaram, porém a mentalidade de
alguns não. Ainda existem os que o pensam que mulheres são submissas, e, mesmo
possuindo o mesmo cargo que um homem, as mulheres ganham menos. E esse é só um
exemplo da séria discriminação sofrida. Felizmente a partir do momento em que
as oportunidades surgiram, as mulheres mostraram-se tão capazes quanto os
homens, quando não melhores. Esta última cena retrata os dias de hoje.
CENA FINAL
JÚLIO (MARIDO) - Olá Paty,
como foi seu dia? Muito trabalho? (Tom de empolgação)
PATY (ESPOSA) - Ótimo, uma
correria só. Tive duas cirurgias importantíssimas e complicadas. E seu dia?
(Tom de empolgação)
JÚLIO (Marido) - Foi cheio também, tive
alguns problemas no escritório, mas consegui resolver. A Ligia, minha
secretária pediu demissão, tá complicado, vocês mulheres andam ambiciosas,
estão buscando sempre mais. Veja, ela pediu demissão do escritório porque foi
chamada numa multinacional.
ESPOSA (Paty) - Nossa!
Ótimo pra ela Júlio, uma menina capacitada, se formou, é esforçada, merecia
mesmo. Não se chateie logo você conseguirá alguém capacitado para ocupar o
cargo no escritório. Pergunte a ela se não tem alguém que ela possa te indicar.
MARIDO (Júlio) - Excelente
ideia. E seu aumento saiu? Você viaja para aquele congresso quando mesmo? Vai
precisar que eu te leve para o aeroporto?
ESPOSA (Paty) – O aumento
não saiu, o engraçado é que o médico que faz a mesma coisa que eu, ganha mais,
injusto não? Precisava mesmo falar com você sobre o congresso, viajo amanha.
Vou precisar que faça a gentileza de me deixar no aeroporto, meu carro vai para
o mecânico amanha. Júlio querido, não se esqueça de pagar as contas que vencem
amanha, deixei minha parte na sua gaveta. Preciso ir novamente, tenho uma
reunião, não posso me atrasar. Faça um favor pra mim? Prepara a janta, vou
chegar um pouco tarde, prometo que lavo a louça. (RISOS)
Marido (Júlio) – É a
desigualdade que ainda existe. Vai lá Paty, eu cozinho e fique tranquila não
vou esquecer as contas (RISOS). Boa reunião e até logo.
ENCERRAMENTO
Amigos, agradecemos a presença de todos e esperamos que nossa peça de
teatro tenha ajudado vocês a perceberem os preconceitos e dificuldades
enfrentadas pelas mulheres tanto no passado quanto no presente. Vamos todos
lembrar que CIDADANIA É PARA TODOS!!!!
Autor: Professor Artur dos Santos Gomes
Presto aqui o devido agradecimento á Natália Barreto Antônio
pela sua ajuda imprescindível na elaboração do último ato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário